terça-feira, 9 de setembro de 2014

10 perguntas e respostas sobre fertilidade

Estou tentando engravidar. Quando devo procurar um médico?

“Um casal saudável, que mantém relações sexuais regulares, pelo menos de 2 vezes por semana, tem cerca de 25% de chance de engravidar a cada ciclo ovulatório”, estima o ginecologista Mario Cavagna, da Comissão de Reprodução Humana da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Na prática, isso significa que um ano é um prazo razoável para aguardar a boa nova sem suspeitar de um problema de fertilidade. Essa é a orientação da Organização Mundial de Saúde desde que, obviamente, não haja sintomas ou histórico de doenças que justifiquem antecipar a visita ao médico.

“Irregularidade menstrual, infecções pélvicas, dor durante o sexo, assim como episódios de caxumba ou varicocele no parceiro podem dificultar a concepção e, por isso, pedem uma avaliação imediata”, avisa o obstetra Cesar Eduardo Fernandes, presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo.

Aos 35 anos, a taxa de fertilidade feminina cai. Por isso, caso não engravidem em 6 meses, as mulheres já devem procurar um especialista e checar se está tudo em ordem para a chegada do bebê.

O estresse dificulta a gravidez?

“Evidências científicas mostram que o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, de drogas, a obesidade e o estresse podem comprometer a capacidade reprodutiva”, alerta Cavagna. Segundo o médico, os nervos à flor da pele impactam no sistema límbico, área do cérebro onde se processam as emoções. E ele se localiza bem próximo ao hipotálamo, região que comanda a liberação de hormônios envolvidos na ovulação, o FSH e o LH.

O recado é claro: em vez de se deixar consumir pela ansiedade, as mulheres que pretendem engravidar devem investir na prática de exercícios físicos e atividades de relaxamento, como ioga ou Pilates. Esbanjar quilos extras é outro entrave para as futuras mães.

“O tecido adiposo, aquele repleto de células de gordura, produz hormônio feminino, o estrogênio. Há indícios de que, em alguns casos, isso desequilibre a produção natural”, justifica Cavagna. 

Quem sempre tomou pílula anticoncepcional tem mais dificuldade para engravidar?

Se você sempre tomou pílula anticoncepcional, talvez precise de um pouquinho mais de paciência. “Algumas mulheres podem demorar de um a três meses para que a fertilidade se restabeleça”, avisa Cavagna. Porém, essa não é a regra. Em geral, a ovulação costuma ser recuperada logo que a medicação é interrompida.
 
Por que quem tem a intenção de engravidar deve tomar ácido fólico?

Essa vitamina, também conhecida como B9 e folato, é pré-requisito para quem pretende gerar um filho. Ela previne malformações e participa do desenvolvimento do sistema nervoso do feto, principalmente nas primeiras semanas de gestação.

Segundo a nutricionista Renata Cristina Gonçalves, de São Paulo, deve-se iniciar a suplementação do nutriente três meses antes da gravidez e mantê-la até a barriga completar o primeiro trimestre. Sob orientação médica, claro.

Por que a fertilidade feminina vai diminuindo com o passar dos anos?

Ao contrário dos homens, cuja produção de espermatozoides acontece o tempo todo, a mulher nasce com uma quantidade estabelecida de aproximadamente 1 milhão de óvulos e os perde com o passar dos anos.

Quando menstrua pela primeira vez, este número já está reduzido a cerca de 400 mil. A qualidade dessas “unidades reprodutivas” também sofre a ação do tempo. Tudo isso faz com que a probabilidade de engravidar a cada ciclo ovulatório entre em declínio à medida que a idade avança.

E se eu não conseguir engravidar em um ano?

Espera-se que, no prazo de 12 meses, 85% dos casais em idade fértil consigam encomendar o novo membro da família. Caso a empreitada não seja bem-sucedida, é provável que um dos parceiros ou ambos se enquadrem no grupo de 10 a 15% da população adulta com problemas de infertilidade. Não há, porém, motivo para entregar os pontos. Grande parte desses distúrbios é reversível e ainda existe a possibilidade de recorrer à reprodução assistida.

Quais são as primeiras providências?

Para viabilizar a gravidez, é essencial que não só a mulher mas também o homem encare um check-up médico. Dados internacionais mostram que 40% dos casos de infertilidade do casal se devem a alterações masculinas; 40%, femininas e, em 20% das situações, o distúrbio é compartilhado. Por isso, convença seu parceiro sobre a importância de se submeter à avaliação.

Como identificar e tratar a infertilidade masculina?

Dosagem hormonal, exame clínico e um espermograma estão entre os testes de praxe. O objetivo é verificar se o candidato a pai produz espermatozoides em concentração, motilidade e morfologia adequados para que a fecundação ocorra. Algumas das falhas na fabricação de gametas têm solução cirúrgica. Outras, infelizmente, não. Mas há casos em que a reprodução assistida consegue dar uma forcinha aos espermatozoides mais espertos entre os preguiçosos, como explicaremos adiante. 

Quais as principais causas de infertilidade feminina?

Entre as mulheres, uma série de disfunções hormonais e funcionais podem estar por trás da dificuldade de conceber um filho. “Entre as mais frequentes, estão a endometriose, crescimento anormal do tecido que reveste o útero, para fora dessa cavidade”, explica César Eduardo Fernandes. “A Síndrome dos Ovários Policísticos, distúrbio em que há aumento na produção de hormônios masculinos, também afeta a ovulação”. Ele acrescenta que problemas nas trompas e infecções pélvicas, como clamídia e gonorréia, podem promover uma obstrução que requer cirurgia para recuperar a capacidade fértil da mulher. 

Desequilíbrios hormonais provocados por hipotireoidismo, tumores de hipófise, entre outros, completam a lista de obstáculos que precisam ser tratados previamente. Se houver suspeita, o médico pode lançar mão de exames que ajudam a flagrar o verdadeiro culpado.

Será que devo recorrer à reprodução assistida?

A reprodução assistida é a maior esperança de aumentar a família, no caso de insucessos consecutivos na concepção natural, seja por impedimentos fisiológicos, seja devido à idade avançada. Mulheres mais jovens têm até 50% de chance de engravidar no primeiro tratamento. Aos 40 anos, a probabilidade cai para 20% e continua declinando a partir daí. Existem critérios bem definidos para a eleição de cada método. Fique por dentro e discuta com seu médico qual o mais apropriado para você: 

Inseminação artificial

Depois da coleta do sêmen pelo próprio homem, os espermatozoides são preparados em laboratório e, no período de ovulação, injetados dentro do útero. O objetivo dessa técnica é promover o encontro do gameta masculino com o óvulo, driblando eventuais barreiras no aparelho reprodutor da mulher e melhorando a agilidade dos espermatozoides.

"Embora esse tratamento seja menos invasivo e mais barato do que uma fertilização in vitro, ele não é tão eficaz e requer uma boa permeabilidade tubária da mulher, além de espermatozoides de qualidade e quantidade aprovadas em um teste prévio de laboratório", ressalva Mario Cavagna.

Indução de ovulação

Consiste na administração de hormônios femininos injetáveis ou orais, com o objetivo de estimular a liberação do óvulo. Por meio de ultrassonografia, é possível monitorar a resposta dos ovários aos estímulos. É indicado em situações de falhas na ovulação.

Fertilização in vitro (FIV)

A mulher que opta por essa técnica precisa enfrentar quatro etapas. Primeiro, recebe medicamentos para estimular a ovulação. Em seguida, o especialista aspira os óvulos, por meio de uma agulha introduzida no canal vaginal, com anestesia local e sedação. Paralelamente, os espermatozoides são colhidos. Depois de analisá-los e prepará-los, o cientista fertiliza o óvulo em laboratório. Se o procedimento for bem-sucedido, o embrião é transferido para o útero. O método é indicado em casos de problemas nas trompas, como sequelas de infecções ou endometriose, e para pacientes que foram submetidas à laqueadura. Como pré-requisitos, pelo menos um ovário deve responder à indução da ovulação e a cavidade uterina precisa estar íntegra.

Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)

Trata-se de uma estratégia complementar, que visa ampliar as chances de sucesso da fertização in vitro. É recomendada quando o homem apresenta algum comprometimento grave da fertilidade, como baixa quantidade de espermatozoides ou ausência deles no esperma (nesse caso, o especialista tenta extrair as células diretamente do testículo). Em seguida, os gametas são selecionados e o mais potente é introduzido diretamente, por meio de uma finíssima agulha, no óvulo. Depois de formado o embrião, segue-se o processo padrão de FIV.


Bebê Abril





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