quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Parto normal com anestesia X parto normal sem anestesia

Aula 14 - Sinais do parto
Bebê

A vantagem de um parto com a anestesia é clara: a partir do momento em que recebe a medicação, a mulher não sente dor.  “No parto normal aplicamos doses baixas dos anestésicos, assim o desconforto é retirado, mas a mulher mantém a mobilidade das pernas. Por isso não chega a ser uma anestesia, mas sim uma analgesia”, explica o anestesista Oscar César Pires, diretor do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

Porém, também há desvantagens no uso da anestesia durante o nascimento do bebê. “Estudos mostram que o parto com a anestesia acaba sendo um pouco mais lento, o que faz com que haja necessidade de mais intervenções”, conta o obstetra Marcos Nakamura, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Estas interferências são: o uso da ocitocina sintética, que acelera o trabalho de parto e caso seja utilizada de uma forma inadequada há o risco de ocorrerem complicações, maior chance de o médico ter que romper a bolsa e o uso de fórceps ou vácuo extrator para a retirada do bebê.

O feto também sente os efeitos da anestesia. “Vamos supor que a anestesia é feita e o bebê só nasce depois de algumas horas, ele pode ter uma diminuição dos reflexos, nascer um pouco mais zen, devido aos anestésicos”, afirma a ginecologista e obstetra, Telma Mariotto Zakka, coordenadora do Comitê de Dor Urogenital da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Esta consequência da anestesia não causará problemas de saúde para o recém-nascido. Também há um risco raro para a respiração dos pequenos. “É frequente utilizarmos um derivado da morfina junto com a anestesia, pois desta forma diminuímos a quantidade de anestésico que a mulher irá tomar e a paciente continua sem dor. Trata-se de uma dose muito baixa deste derivado, que normalmente não causa problemas, porém em alguns poucos casos pode haver a diminuição da frequência da respiração do bebê”, relata o anestesista Oscar César Pires, diretor do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Caso isso ocorra, basta o médico utilizar um agente para reverter o efeito, sem que haja maiores complicações para o bem-estar do pequeno.

A dor permite com que a mulher escolha a posição na qual se sente mais confortável para o parto. “A anestesia ainda bloqueia o empuxo, que é a vontade de fazer força”, diz Zakka. Desta forma, a mulher depende de seu obstetra para lhe dizer o momento certo para empurrar.

Além das questões médicas, a doula Fadynha (Maria de Lourdes da Silva Teixeira), presidente da Associação Nacional de Doulas e professora do Instituto Aurora, destaca outras vantagens de um parto sem anestesia. “A mulher terá uma memória fantástica sobre tudo o que sentiu, se sentirá plena, inteira, é algo fortalecedor, mesmo que tenha momentos de dor e desânimo”, afirma.

Vale lembrar, que há casos nos quais a mulher realmente necessita de um anestésico. “Cada pessoa sente a dor de um jeito e tem seus próprios sentimentos e temores. Qualquer tipo de parto é correto desde que ele seja recomendado pelo obstetra”, esclarece Zakka. 


Bruna Stuppiello

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