A gravidez é um período que exige mil e um cuidados com a
saúde da futura mãe e do bebê. Dentre eles, vários têm a ver com a alimentação
da mulher. Primeiramente porque ela precisa estar saudável para encarar os nove
meses bem e depois porque tudo o que ingere, de alguma forma, impacta no
desenvolvimento da criança.
Veja o que os especialistas indicam incluir nas
refeições e o que evitar ou eliminar:
Consumo indicado
Carnes vermelhas e carnes brancas: patinho, lagarto,
sardinha, dentre outras carnes consideradas magras, são importantes para
garantir que não falte ferro no organismo da gestante. Ele é essencial para
evitar que a mulher desenvolva anemia depois do nascimento do bebê, já que ela
perde muito sangue durante o parto. Thaís Ibitinga, nutricionista da Santa Casa
de São Paulo, afirma que o nutriente também é essencial porque atua na formação
dos músculos e das células sanguíneas do bebê.
Leite e derivados: fornecem cálcio, nutriente que a mulher
perde durante a gestação para garantir a formação dos ossos e dos músculos do
filho. "É possível escolher entre o leite desnatado e o integral e
consumir alimentos como queijos brancos, tofu e outros derivados de soja
enriquecidos pela indústria com cálcio", diz a ginecologista e obstetra
Karen Abrão.
Folhas verde-escuro: espinafre, escarola e rúcula, por
exemplo, não só abastecem o organismo com ferro, como também ajudam na reserva
de ácido fólico, item importantíssimo para impedir que o bebê desenvolva
defeitos de formação no sistema nervoso. "Além da alimentação, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as gestantes tomem doses
suplementares desse componente, em cápsulas, mas tê-lo no prato é válido
também", diz a ginecologista e obstetra Karen Abrão. "Verduras, tal
como os legumes, ainda são ricas em fibras, o que ajuda o trânsito intestinal,
já que gestantes têm mais chances de apresentar constipação", diz Viviane
Laudelino Vieira, nutricionista da USP.
Frutas: ricas em vitaminas e minerais, ajudam a manter o
equilíbrio metabólico e são integrantes importantes para diversos processos
biológicos que fazem a manutenção celular do corpo da mulher. "O ideal é
que a grávida coma três frutas diferentes por dia, pois cada uma é rica em
determinadas vitaminas", diz a ginecologista Karen Abrão. "A laranja,
por exemplo, tem vitamina C, que ajuda o organismo a absorver melhor o ferro
proveniente de outras fontes", afirma a nutricionista Viviane Laudelino
Vieira. Um cuidado importante a ser tomado por conta do consumo de frutas é com
a higienização.
Água: de acordo com a ginecologista e obstetra Karen Abrão,
quando grávida, a mulher corre o risco de desidratar facilmente assim como
idosos e crianças. Por isso, precisa beber água com frequência, mesmo que não
sinta sede. No mais, nesse período, o corpo feminino passa a precisar muito de
líquidos para abastecer novos processos do organismo e também para ajudar o bom
desempenho intestinal. "De nada adianta garantir a ingestão de fibras se
ela não beber água. O intestino continuará preso", fala a médica. Água de
coco, sucos e chás também podem ser consumidos para garantir uma boa
hidratação, mas a água "in natura" (pelo menos, dois litros por dia)
deve ser prioridade.
Gengibre: indicado para evitar e combater enjoos porque tem
6-gingerol, que alivia os músculos gastrointestinais. "Basta cortar o
gengibre em lascas e mascá-las", fala a ginecologista e obstetra Karen
Abrão. Ela também recomenda a ingestão de alimentos secos, frios e sem odor
forte, como cenoura crua. A nutricionista Viviane Laudelino Vieira ainda soma à
lista outros alimentos cítricos, como abacaxi, limão e morango para trazer
alguma sensação de alívio no caso de a gestante se sentir enjoada.
Leguminosas: feijão, grão de bico, soja e lentilha são
fontes de ferro, proteínas e fibras. Eles contribuem para a formação dos
tecidos e do sangue do bebê.
Turbérculos e raízes: mandioca, batata e mandioquinha, entre
outros alimentos do grupo, são importantes porque são fontes de carboidratos,
fornecedores de energia para a gestante. "As necessidades energéticas da
mulher aumentam cerca de 20% durante a gravidez", diz Viviane Laudelino
Vieira, nutricionista da USP.
Cereais: garantem dose extra de energia para a futura mãe.
Thaís Ibitinga, nutricionista da Santa Casa de São Paulo, afirma que é bom que
o corpo seja abastecido com esses alimentos para evitar que ele pegue energia
de gorduras e proteínas, deixando esses itens para serem usados para o
desenvolvimento da criança no útero da mãe.
Gorduras saudáveis: o organismo precisa de azeite de oliva,
nozes e castanhas, fontes de gordura boa, para a formação do sistema nervoso do
bebê.
Consumo moderado
Café: por ser rico em cafeína, aumenta o risco de
abortamento e pode causar diminuição do peso fetal se consumido em excesso. Por
isso, quanto menos, melhor. A ginecologista e obstetra Karen Abrão recomenda
restringir a ingestão: duas xícaras pequenas por dia, caso a mulher tenha o
costume de consumir a bebida. Outros alimentos ricos em cafeína, que por isso
também devem ser consumidos com moderação: chá mate, chá preto e refrigerantes
à base de cola.
Chocolate: se consumido em excesso, Thaís Ibitinga,
nutricionista da Santa Casa de São Paulo, afirma que o doce pode ajudar na
formação de gases e provocar cólicas na gestante, porque é composto por
açúcares que o intestino tem dificuldade de processar.
Adoçante: embora não exista comprovação científica
categórica, há sérios indícios considerados pelos médicos sobre os adoçantes à
base de sacarina e ciclamato. Eles devem ser eliminados do cardápio porque
podem causar problemas de desenvolvimento no bebê e até provocar o surgimento
de cânceres futuros. Por sua vez, o aspartame e a sucralose são adoçantes
liberados para consumo moderado e com aval médico depois da 12ª semana de
gestação (período em que a formação dos órgãos do bebê já terminou), de acordo
com a ginecologista e obstetra Karen Abrão.
Sal: o ingrediente tão comum na culinária brasileira deve
ser usado com moderação porque faz o organismo reter líquido e inchar, e a
gravidez é um período em que a retenção acontece naturalmente. Além de usar
menos sal na hora de temperar a comida, Viviane Laudelino Vieira, nutricionista
da USP, recomenda diminuir os temperos industrializados, que também contêm
muito sal.
Farinha branca: "se consumida de modo excessivo, altera
a taxa de glicemia do sangue e com isso abre espaço para o desenvolvimento da
diabetes gestacional, que torna a gravidez de risco", afirma Thaís
Ibitinga, nutricionista da Santa Casa de São Paulo.
Linguiças e salsichas: ricas em sódio, fazem o organismo
reter líquidos e, consequentemente, inchar. "Fazem parte do mesmo grupo
macarrão instantâneo, frios, enlatados e alimentos processados", diz Karen
Abrão, diretora-adjunta da Escola de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi.
Bebidas gaseificadas: além de contribuir para o ganho de
peso da gestante, se fizerem parte da alimentação rotineira, podem colaborar
para a formação de gases intestinais na mulher, se ela tiver tendência à
flatulência, causando desconfortos
Consumo proibido
Bebidas alcóolicas: embora não existam estudos clínicos que
comprovem se a ingestão moderada de álcool faz mal para a criança, os
especialistas são categóricos ao afirmar que o consumo deve ser suspenso.
"Beber vinho ou outra bebida alcóolica de forma habitual pode provocar
problemas no desenvolvimento da criança e desencadear atraso mental,
hiperatividade e má-formação", declara Thaís Ibitinga, nutricionista da
Santa Casa de São Paulo.
Carnes cruas: "Devem ficar fora do cardápio da gestante
durante os nove meses", diz a obstetra Karen Abrão. Segundo a médica, são
fontes potenciais para a ocorrência de infecções bacterianas, que alteram a
quantidade de líquido amniótico, e para o desenvolvimento de toxoplasmose,
doença que pode causar sequelas cerebrais e oftalmológicas no bebê. Por também
apresentarem risco de contaminação, devem ser evitados ovos crus ou mal cozidos,
mel comprado em locais pouco confiáveis e demais alimentos que não apresentem
certificação do Ministério da Agricultura ou do Ministério da Saúde.
[Fonte: mulher.uol.com.br]
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