quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Obesidade na gestação

Os  hábitos da mãe e o aumento excessivo de peso durante a gestação pode causar problemas à saúde dela e do bebê

Recém-nascidos com mais de 4 quilos tendem a ser crianças e adultos pesados, principalmente se a mãe for diabética.


Os níveis elevados de açúcar na circulação da gestante distribuem-se no sangue do bebê, o que força seu pâncreas a produzir mais insulina. Multiplicam-se, então, as células gordurosas com a conseqüente tendência para a obesidade por toda a vida.
Já recém-nascidos muito magros, sobretudo devido à desnutrição materna, também são propensos aos quilos a mais quando adultos. É que o feto tem que adaptar seu organismo para poupar energia e o ajuste acaba se tornando permanente. Se mais tarde houver condições de alimentação favoráveis, o resultado será o acúmulo de gordura. Em suma, a grávida com o diabete mal controlado ou aquela que é desnutrida determina a futura obesidade nos seus filhos.

Limite na balança


A recomendação dos especialistas é que as gestantes engordem, no máximo, até 12 quilos durante a gravidez. “O ideal é ganhar um quilo mensalmente, em média, embora as mulheres altas possam exceder um pouco esse limite”, diz a ginecologista Mara Carvalho Diegoli, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Ela explica que, no primeiro trimestre, muitas gestantes até emagrecem devido aos enjoos. “Do quarto ao sexto mês, o ganho de peso também é pequeno. Ele acelera mesmo no final da gravidez, quando a tendência do organismo é reter mais líquido, provocando inchaço”.

Tabela de IMC para Gestantes


 Segundo a Organização Mundial de Saúde, a tabela de IMC para gestantes segue um aumento constante, porém com evoluções diferentes para gestantes com IMC menor e gestantes com IMC maior antes do período de gestação.
Ou seja, mães mais magrinhas antes da gestação precisam de um aumento de peso mais significativo durante a gestação para se manter, e manter seu bebê saudáveis.
Enquanto mães que são um pouco mais gordinhas antes da gestação precisam de um aumento de peso menos significativo durante a gestação pela saúde dos dois.
No gráfico abaixo podemos observar visualmente o processo de evolução das mamães durante a gestação acompanhando pelo seu IMC (Índice de Massa Corporal).

Legenda:
a área verde significa peso ideala área amarela significa levemente fora do peso
a área laranja significa alerta de saúde, muito fora do peso
a área vermelha significa alerta, acompanhamento médico necessário
Exemplo de uso do Gráfico: Se a mãe está no quarto (4) mês de gestação (linha horizontal) e está com IMC 24,6 (linha vertical)
está com peso ideal, pois se encontra dentro da área verde


  • A tabela de IMC para gestantes e o gráfico acima foram gerados a partir da seguinte recomendação da OMS:

Mães com IMC menor que 18,4 (abaixo peso), devem aumentar entre 12,5 e 18kg durante a gestação
Mães com IMC entre 18,5 e 24,9 (peso ideal): de 11,5 a 16kg


Mães com 
 
IMC entre 26 e 30 (acima do peso): de 7 a 11,5kg


Mães com 
 
IMC maior que 30 (obesa): Pelo menos 6kg 

Ressalva importante

Este gráfico de crescimento do IMC durante o processo gestacional leva em consideração que a mãe é adulta (entre 19 e 50 anos) e não tem nenhum tipo de doença previa, deficiência ou problema de saúde de qualquer tipo.
O aumento de peso de gestantes menores de 18 anos precisa ser acompanhado por médicos especialistas, assim como de gestantes com mais de 50 anos, pois trata-se de um processo mais complexo

Mãe cheinha, bebê pesado


“Quando a mãe esbanja quilos extras na gravidez, a probabilidade de a criança também se tornar obesa é de 50% a 60%”, diz a endocrinologista Cláudia Cozer. Se ambos os pais forem obesos, o risco sobe para 70% a 80%.
Além dos problemas com a própria saúde, as mulheres que brigam com a balança durante a gestação podem gerar bebês mais pesados, com macrossomia fetal—condição em que o recém-nascido apresenta mais de 4 quilos-- e com possibilidades de desenvolver hipoglicemia ao nascer. “É importante que as mães se lembrem de que tudo que consomem vai para o bebê”, afirma a ginecologista e obstetra Lilian Takeda, da Maternidade Pro Matre Paulista, em São Paulo.

Riscos associados
A Organização Mundial de Saúde considera obesas as pessoas que apresentam Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Trata-se de valor obtido a partir da seguinte fórmula: peso/altura². A gestante que ultrapassar essa marca corre mais riscos, não só durante a gravidez como na hora do parto. Além de sofrer com dores mais intensas, nas costas e nas pernas, a grávida pode desenvolver diabetes gestacional, aumentando a propensão de adquirir, definitivamente, a doença após o nascimento do bebê. A ameaça de pré-eclâmpsia, aumento grave da pressão arterial nesse período, que pode acarretar sérias complicações, é outra razão para ficar atenta à silhueta. Sem falar nas taxas de colesterol, triglicérides e glicose. Quem sai perdendo, muitas vezes, é o bebê, que fica mais sujeito à malformações, aborto e ruptura antecipada da bolsa, que induz parto prematuro. Como se não bastasse, a gordura excessiva ainda pode dificultar a cicatrização, em caso de cesárea.

Olho no prato
A gravidez altera os processos metabólicos da futura mamãe. “Se a mulher não estiver preparada emocionalmente, terá mais dificuldades para controlar o impulso de comer, por exemplo”, avisa Lilian. “Por outro lado, não raro essas transformações ajudam a modificar positivamente os hábitos alimentares, porque ela passa a pensar na saúde do bebê”, acrescenta.
Para evitar o excesso de peso na gestação, é preciso controlar a ingestão de calorias. “Essa história de comer por dois não existe. A grávida deve consumir alimentos saudáveis e nutritivos, de forma moderada. E nunca ficar em jejum ou passar fome, pois o feto pode sofrer com a escassez”, diz Lilian.
A não ser que a mulher seja diabética, o ideal é evitar os adoçantes, porque algumas pesquisas mostram que eles são capazes de provocar alterações fetais. Na dúvida, prefira o açúcar em pequenas quantidades, nos primeiros três meses de gestação. “Troque o docinho por uma fruta, mas sem exagerar, pois elas contêm frutose”, diz Lilian.
Cláudia ensina, ainda: “Fracione as refeições, procurando comer de três em três horas. Diminua o sal (que promove inchaço), abuse das verduras e legumes, ricos em fibras, vitaminas e sais minerais.” Prefira as carnes magras e os sucos naturais, ao invés dos refrigerantes (ricos em sódio). “Modere nas comidas pesadas e gordurosas, especialmente à noite. Durante a gravidez, a digestão é mais lenta e uma pizza no jantar pode causar muito desconforto para a mulher”, explica Mara Diegoli. Além do controle calórico, é importante fazer uma atividade física. “Se você não tem o hábito de se movimentar, faça caminhadas e hidroginástica, exercícios com baixo impacto”, sugere Lilian.

Pós-parto

No momento do parto, além do peso do feto, a mulher perde cerca de um quilo de água e placenta. Os quilos restantes que engordou permanecem e é aí que os hábitos saudáveis devem entrar em cena, para auxiliar na recuperação da antiga forma. Uma das maneiras de enxugar medidas é amamentar. “O aleitamento ajuda a desinchar nos dois primeiros meses mas, se a mulher exagerar nas quantidades de comida, pode engordar novamente”, completa Mara.



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