segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Benefícios da amamentação para a mãe e para o bebê

Dar o peito não protege apenas o seu filho de doenças e até da obesidade. As mães também saem ganhando — e muito! 

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Ele foi testado por milhões e milhões de anos e não há uma só vez em que não tenha passado com louvor. Ainda que tenham surgido tentativas de imitá-lo, o leite materno continua a ser o mais completo, poderoso e barato nutriente que existe. Os números não deixam dúvida: crianças que se alimentam exclusivamente no peito da mãe têm seis vezes mais chance de sobreviver do que aquelas que não são amamentadas, segundo dados do Unicef.

No entanto, ainda estamos muito longe dos índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde. "A OMS orienta ao menos 180 dias de amamentação exclusiva, mas, em média, mulheres de grandes capitais brasileiras alimentam os filhos só no peito por 53 dias. Houve um avanço em relação à década passada, mas estamos bem longe do ideal", analisa a pediatra Elsa Giugliani, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para Keiko Miyasaki Teruya, consultora em aleitamento materno do Ministério da Saúde, as razões de muitas mães trocarem o leite pela fórmula cedo ou nem sequer tentarem amamentar são várias. "As fontes tradicionais de aprendizado - mulheres mais experientes da família - se perderam à medida que as famílias extensivas foram sendo substituídas pelas nucleares, e isso tem transformado esse ato natural em algo não mais instintivo."

A falta de apoio do companheiro também é outra questão crucial para a decisão de amamentar ou não. "Se a mulher não recebe ajuda dos familiares e do marido, ainda que queira, será muito difícil para ela compatibilizar as questões domésticas com a amamentação", sustenta Elsa. Mais: "Se há algo em que as pessoas palpitam é o aleitamento materno. E, muitas vezes, desinforma-se em vez de informar", diz Marcus Renato, especialista em amamentação pelo International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC) e editor do site Aleitamento.com. Além disso, diz o pediatra e neonatologista Carlos Eduardo Correa, autor do Blog do Cacá, boa parte das mulheres tem dúvidas se conseguirá produzir leite suficiente, e essa é uma das principais razões de muitas trocarem a amamentação pela fórmula. "Se a mãe não contar com apoio, facilmente acreditará não ser capaz de amamentar. A importância do amparo às mulheres é grande e irá determinar o sucesso da amamentação, na maioria dos casos."

O aleitamento bem-sucedido, esclarece Keiko, depende muito dos profissionais que assistem essa mulher. "Que ofereçam auxílio para que decida o que é melhor para ela e seu filho. Que a escutem. E que a ajudem a desenvolver confiança para que ela permaneça no controle da situação."

O fato é que, mesmo em meio a tantas informações, amamentar será algo que você e seu filho aprenderão juntos. "A amamentação também proporciona calor, contato e proximidade entre mãe e filho, que podem influenciar no desenvolvimento físico e emocional da criança", diz Carlos.

Para a consultora pelo IBCLC Celina Valderez Feijó Köhler, a amamentação é um dos momentos mais importantes para a mulher. "Se as mães percebessem o poder que dá ver que a criança está crescendo com saúde apenas com o leite que ela produz, talvez mais delas se decidissem por dar de mamar."

Benefícios da amamentação para o bebê

Defende da asma e de outras infecções
Anticorpos e células presentes no leite materno ajudam a proteger o bebê de doenças causadas por vírus e bactérias. Estudos já mostraram que crianças que se alimentam exclusivamente no peito da mãe têm menos probabilidade de ter alergias e 50% menos risco de sofrer de asma. O aleitamento faz os pulmões do pequeno crescer e reduz o risco de gripes e infecções virais que podem vir a afetar esse órgão. Os bebês também apresentam menos infecções de ouvido e gastrintestinais.

Protege contra diarreia
Uma revisão de estudos sobre o assunto realizados entre 1980 e 2009 foi categórica: o aleitamento tem efeito protetor não apenas contra a diarreia mas também contra a hospitalização e até a morte decorrentes dessa condição.

Melhora a resposta imune da criança
"O leite materno passa ao bebê todo o aparato de defesa da mãe, como glóbulos brancos, anticorpos e proteínas. Com isso, a resposta imune da criança, inclusive quando ela toma vacina, é bastante aumentada", diz Marcus Renato.

Reduz a probabilidade de o bebê virar uma criança obesa
"Vários estudos vêm mostrando que a amamentação pode proteger contra a obesidade, condição que aumenta os riscos para uma série de doenças, entre elas as cardíacas e o diabetes", afirma Marcus Renato. O médico explica que, diferentemente do leite materno, cuja composição é equilibrada, as fórmulas têm excesso de eletrólitos, gordura e proteínas, que podem contribuir para o ganho de peso da criança.

Estimula o desenvolvimento do cérebro
"O leite humano possui ácidos graxos, que auxiliam no desenvolvimento cerebral. Crianças amamentadas por longo período apresentam melhores índices em testes de inteligência", conta Carlos Eduardo Correa.


Benefícios da amamentação para a mãe

O peso volta ao normal mais rapidamente
"Produzir leite consome energia, algo em torno de 500 calorias extras por dia", explica Marcus Renato. Por outro lado, mães que não amamentam ganham, em média, cerca de 7,5 centímetros de gordura na cintura, como mostrou estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Proteção contra o câncer
Especialistas acreditam que isso se deva ao fato de que a menstruação é suspensa quando se amamenta. Uma frequência menor de ciclos menstruais expõe menos a mulher ao estrógeno, o que poderia estar ligado ao risco reduzido de tumores. Estudos dão conta de que a possibilidade de câncer de mama é de 3% a 4% menor por filho se a mãe amamenta exclusivamente no peito.

Menos risco de diabetes tipo 2
A gravidez aumenta a resistência do corpo à insulina, o hormônio que carrega o açúcar para dentro das células. Daí a probabilidade de a mulher desenvolver diabetes gestacional ser maior, mas o aleitamento ajuda a restabelecer essa sensibilidade. Quanto mais a mãe amamenta, menos risco ela terá de ter diabetes tipo 2. "Ainda que desenvolva diabetes durante a gravidez, ela deve saber que, se amamentar por pelo menos nove meses, a possibilidade de sofrer com esse mal mais tarde será menor", alerta Eleanor Schwarz, professora de Epidemiologia, Obstetrícia, Ginecologia e Ciências da Reprodução da Universidade Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Risco reduzido de ter doenças do coração
Amamentar melhora a saúde do coração de várias formas. A gravidez aumenta os níveis de colesterol, mas, depois do parto, mães que amamentam levam menos tempo para retornar aos níveis normais de triglicérides, maior fator de risco para doenças cardiovasculares. Além disso, diz Eleanor, as que dão o peito aos filhos têm níveis mais altos do bom colesterol (HDL). "Amamentar por mais de 12 meses reduz em 10% o risco de a mulher ter doenças cardiovasculares, mesmo considerando fatores de risco, como história familiar e peso."

Reduz a probabilidade de Alzheimer
Recentemente, uma pesquisa britânica revelou que a amamentação, que restaura a tolerância do corpo à insulina, também reduziria o risco de a mulher sofrer com a doença, pois evidências apontam que a resistência das células cerebrais à insulina é a causa do mal.

Aumenta o intervalo entre as gestações
Para muitas mulheres, é uma das grandes vantagens de amamentar. A sucção feita pelo bebê nos seios da mãe aumenta os níveis de prolactina, o hormônio responsável pela produção do leite. Prolactina alta inibe a ovulação, reduzindo a probabilidade de a mulher engravidar.

Relaxa e ajuda o útero a voltar ao tamanho normal
O hormônio ocitocina não apenas é o sinal de que os seios precisam para ejetar o leite como também leva as células musculares do útero a se contraírem, permitindo que ele volte ao tamanho original mais rapidamente e diminuindo o sangramento que a mulher pode ter depois do parto. Mais: a ocitocina ajuda as mamães a se acalmar, a relaxar e faz com que fique babando pelo bebê. Tanto que ela é chamada de hormônio do amor.

Vanessa de Sá 

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